domingo, 31 de agosto de 2014

coisas de pensar: Na minha altura, era a Ragazza...





Durante a adolescência, eu e a R., uma das minhas melhores amigas, tinhamos um prazer quase secreto: a revista Ragazza.


A Ragazza era (não sei se ainda existe) uma revista mensal feminina, cujo target eram as jovens adolescentes.


A adolescência é uma idade fulcral no que toca à auto-imagem e auto-estima. É uma idade complicada por tanta coisa, avassaladora, também quando se fala na necessidade de validação, da comparação que se faz entre si mesmo e os outros.


Ora bem, eu e a R, tinhamos como ritual juntarmo-nos as duas para ler e analisar cada edição desta revista.
A nossa parte favorita era a secção em que se apresentavam modelos ou actrizes famosas, conhecidas também pela sua beleza, em fotos ao natural daquelas tipo paparazzi, sem qualquer tipo de maquilhagem ou retoques.


Se os editores fossem conscientes sobre o bem que isso pode fazer à auto-estima das raparigas que estão na idade em que é mais difícil manter uma noção positiva e realista de si próprias, teriam muito mais cuidado na edição das imagens que escolhem publicar.


O bem que me fez, miúda com questões de insegurança por causa de usar óculos e ter acne, de ter acesso a imagens de uma Claudia Schiffer, de uma Kate Moss ou uma Linda Evangelista com borbulhas, olheiras, cabelo mal amanhado, e até umas banhas ali e acolá.
Isso permitiu-nos comparar com as imagens mais comuns destas mulheres, onde estas aparecem perfeitas. Rir, comentar que afinal a maquilhagem e outros truques fazem mesmo milagres, que assim "também nós", que não somos tão diferentes.
Acima de tudo, essas imagens permitiram-nos ser mais condescentes, tolerantes com o nosso reflexo no espelho, ajudaram a aumentar a nossa auto-estima.


E esse deve ser acima de tudo o objectivo deste tipo de publicações!


Chegam-nos cada vez mais exemplos de mulheres que se opõem à edição da sua imagem, ao abuso do uso do Photoshop, que querem chegar ao mundo como são, e isso é saudável.


Não há nada de errado na beleza real, naquilo que nos torna únicos, de nos apresentarmos ao mundo ao natural, sem filtros nem retoques.
Essa é a mensagem que deve chegar a quem se está a desenvolver enquanto indivíduo!









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