domingo, 31 de agosto de 2014

cromices #37: Há mulheres com mais sorte que outras, é o que é.



Sempre que vejo aquele anúncio aos tampões em que a menina decide mergulhar desnuda na piscina a meio da noite, faço uma careta e rosno um "deve ser deve!".


Sou um bocadinho mais indulgente com os anúncios tontos aos pensos higiénicos da famosa marca espanhola. Se por um lado me parece bem que se fale do período recorrendo a muito non-sense, cor e tolice, pois a realidade já é chata q.b., não consigo evitar uma espécie de comentário sarcástico quando estou para aí virada.


Hoje estou para aí virada. É um daqueles dias, e por azar um dia muito mau.


Tão mau, que se alguém me confessar, vis-à-vis, que tem uma vida mar-de-rosas neste aspecto, avanço para a violência.


Sempre sofri muito com este lado da feminilidade: o pior sendo dores verdadeiramente agonizantes mesmo sob o efeito de analgésicos. Alguns episódios foram tão terríveis que já cheguei a perder a força nas pernas e estive quase a perder os sentidos, para além de vómitos e outros miminhos.


Faço parte daquela minoria para quem este facto da vida tão natural causa um verdadeiro transtorno, e impede de prosseguir uma rotina quotidiana dita "normal".
Não sendo por escolha própria nem por "mariquice", se há coisa que me tira do sério são aqueles comentários vazios de empatia e compreensão, mas cheios de ignorância, tipo "já devias estar habituada", "ai, eu não sou nada assim".


Ainda hoje de manhã comentava com o meu marido, que adoraria que medissem os níveis de dor a que estou sujeita, (pelos vistos inventaram uma máquina capaz de o fazer), para que pudesse andar com uma maquineta a dar choques eléctricos ao pessoal com a mesma intensidade.


Tendo em vista que hoje acordei às 6h da manhã, porque o efeito do santo analgésico tinha passado, que andei a ler a bula para ter a certeza de quantos comprimidos podia enfiar de uma só vez, se há algo que me conseguiu desenhar um sorriso no rosto foi a ideia de andar por aí a electrocutar gente a torto e a direito.


Sim, funciona. Já estou a sorrir outra vez.

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