sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A melhor empresa do mundo #1: O horário de trabalho e a produtividade





Aqui há tempos falei-vos que um dos meus sonhos, (coisa improvável de suceder), que era ter o capital, (grana, pilim, carcanhol), necessário para abrir uma empresa, onde pudesse implementar as teorias que venho desenvolvendo ao longo dos anos sobre as mudanças que acho necessárias para a evolução da sociedade.
Como um estudo científico em ambiente controlado, numa espécie de placa de Petri, que, em caso de sucesso, poderia significar uma inspiração para um novo modelo vigente, quiçá global.
Podem ler o post aqui.


Serve esta nova rubrica para vos apresentar esses conceitos com mais detalhe.






- Na "melhor empresa do mundo", seria instaurado o horário semanal de 30 horas.






-Porquê? Qual a motivação?

Porque nada existe isoladamente no Universo. Todas as acções implicam obrigatoriamente reacções que vão para além de si. As repercussões das mudanças no ambiente laboral ecoam em todos os outros ambientes da vida humana. Deduzo logicamente que, se implementarmos mudanças positivas no universo do trabalho, colheremos frutos positivos nas restantes áreas.


A missão deste conjunto de medidas no ambiente laboral, é a longo prazo, construir um mundo melhor. Começar a fazê-lo em pequenos passos, porque não há que subestimar o efeito borboleta.




- Porquê as 30 horas?


Numa visão mais utópica, talvez possível daqui a 500 ou mil anos, eu defendo um horário de 20 horas semanais. 30 parece-me um meio termo fazível entre o que imagino como ideal, e o que seria possível implementar na nossa realidade.
Na minha visão, uma sociedade verdadeiramente avançada e produtiva, é aquela em que existe um elevado índice de auto-sustentabilidade, em que ninguém está totalmente dependente do salário como hoje em dia.


Para mim, as 20 horas estão longe de significar uma sociedade de gente dedicada ao dolce far niente. Pelo contrário, significa antes trabalhar 4 horas por dia numa qualquer empresa, e ter outras 4 horas diárias para dedicar à produção dos próprios alimentos na horta do agregado familiar, fazer a lida doméstica, participar activamente na educação dos filhos, e apoiar os idosos da família, e ainda poder seguir a sua vocação como segunda ocupação. Imaginem por exemplo, um mecânico de carreira, pintor de vocação; ou um designer cantor, um enfermeiro tecelão.




- Como seria implementado?


No momento da sua contratação, cada trabalhador teria a liberdade de escolher entre três modalidades de horário:
1) Ou trabalha 5 dias por semana, 6 horas por dia.
2 ) Ou, passa a ter 3 folgas semanais. Trabalhando 4 dias por semana, 7,5 horas por dia.
3) Ou ainda existe a opção de intercalar, entre semanas, a modalidade 1 e 2.




- Quais os benefícios para o trabalhador desta prática?


Em primeiro lugar, a liberdade de escolher a própria modalidade de horário de trabalho resulta numa maior harmonia entre o trabalho e as restantes faces da vida da pessoa.


Há que sublinhar que a estipulação das 40 horas semanais e das duas folgas foi um tremendo avanço civilizacional, e uma vitória. Hei-de vos trazer em breve mais sobre este tema, como era a vida antes das 40 horas, o enquadramento histórico, tudo isso.


As 40 horas permitem tripartir o dia em parcelas iguais para o trabalho, o descanso e actividades várias, inclusive de lazer.


Actualmente o ser humano é mais complexo, numa sociedade que também o é.
Como exemplo, se olharmos para os desafios da parentalidade, o passado e o tempo presente apresentam realidades muito distintas. Hoje em dia "cama, mesa e roupa lavada" fica muito aquém do que é exigido aos pais. Espera-se da parte destes uma participação extremamente activa na vida dos filhos, como nunca antes na história da nossa espécie, em casa, na escola, nas actividades extra-curriculares, etc.
E isso requer sobretudo tempo e disponibilidade, que se tornaria uma missão menos difícil com uma diminuição das horas dispendidas a trabalhar.


Em resumo, menor horário de trabalho significa mais tempo para a família, aumentando a qualidade das relações com os filhos, com a cara metade, significando também mais disponibilidade para os pais, para quem essa atenção será tão significativa no seu envelhecimento.
Tempo para si próprio em actividades de auto-realização sejam hobbies, prática desportiva, etc. Mais tempo para a gestão da casa e todas as burocracias da vida moderna.
Tempo para aprender, continuando a sua formação, o que resultará também num benefício para a própria empresa.




- Quais os benefícios para a empresa? Esta não veria a sua produtividade ameaçada?


"Produtividade é produzir mais em menos tempo, com menor custo e maior eficiência."


Estar presente não significa ser produtivo. O mesmo se pode dizer em relação às horas de trabalho: mais não significa melhor.


Felizmente já começam a existir empresas, também por cá, que o percebem.
Que proibem a presença dos empregados após o horário laboral.
Que em vez de aplaudirem aqueles que ficam até tarde, (o que tantas vezes significa dar graxa às chefias ao invés de produtividade, ou uma empresa esclavagista que conta com poucos para fazer o trabalho de muitos), entendem que tal significa que há um potencial problema que necessita de ser diagnosticado e resolvido o quanto antes. Que se interrogam em tal análise porque pessoa X não conseguiu cumprir os objectivos diários nas horas devidas. Objectivos demasiado ambiciosos? Falta de condições na empresa? Falta de know how ou motivação?


Assim se comportam as empresas da nova guarda!

Quando se fala em produtividade são factores como as boas condições de trabalho, a capacidade de motivar os trabalhadores, a existência de comunicação, o limitar a burocracia a um mínimo, a existência de infraestruturas e ferramentas adequadas, formação e know how, salutar ambiente de trabalho e a boa organização e gestão que contam.




Como empreendedora, consideraria o horário de 30 horas, um excelente investimento que me traria como retorno trabalhadores felizes, motivados, e dispostos a dar o seu melhor.




Que acham?





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