sábado, 10 de janeiro de 2015

vida de cão #8: fazer o que se prega



Sempre impliquei com quem não apanha o cócó aquando o passeio dos animais. Nesta matéria estou convencida que a grande maioria das pessoas são porcas, preguiçosas e de uma falta de civismo avassaladora.
Acho que este mau comportamento generalizado apenas tem contribuido para os cães não serem permitidos oficialmente em mais locais e, durante todo o ano, como no caso das praias.
Gostava que me fosse permitido levar o Kiko a todo o lado. Agora que o podemos levar à rua percebemos como os itinerários possíveis são limitados e pobres. Nada me convence que a falta de civismo de que falo não é em parte responsável por tal.

Implico de tal forma com esta falta de respeito que já abordei várias pessoas para lhes oferecer um saco de plástico. Acontece por vezes ter alguns sacos de supermercado dentro da mala, sabe-se lá porquê, que se revelaram úteis para estas situações, em que vejo as pessoas e os seus cães afastarem-se calmamente da bosta largada na calçada como se não fosse nada com eles.

Há quem fique embaraçado, e agradeça baixinho, há quem leve a mal e até quem finja que não é nada consigo, e são estes os piores. Há muita confusão naquelas cabeças, que os leva a assumir que quem os critica pela falta de asseio e lhes aponta que é de lei apanhar os dejectos e deixar os espaços públicos limpos, é um estúpido que não gosta de animais.
Ora, eu sempre gostei de animais, não gosto é de merda!

Até a urina é chata, se os donos forem acéfalos em relação aos locais onde deixam o animal urinar.

Havia, há tempos, quem tivesse a mania de deixar o cãozinho fazer o seu chichi quase à porta do meu prédio. No fim, tivemos ambos sorte, porque estive quase, mas mesmo quase, (bastaria tê-los apanhado no acto, ou saber que o tinham voltado a fazer), para lhes ir bater à porta depois de beber meio litro de chá, baixar as calcinhas e urinar eu própria, ali mesmo, enquanto exclamaria bem alto com o fim de ser bem clara na transmissão da mensagem, que se tratava do troco.

Jurei a mim mesma que se um dia tivesse um cão não me iria permitir mudar para a facção dos porcalhões. Que ter um cão na família representa uma série de compromissos, e apanhar os dejectos é um deles. Que não deve ser menosprezado. Apanhar caca não é a actividade favorita de pessoa alguma, penso eu, mas quem não está disposto a fazê-lo, reflicta sobre o que implica ter um cão e a sua real disponibilidade.

O Kiko já fez dois cócós na rua. De tão novinho e destreinado, ainda se guarda para fazer em casa. Mas isto, com o tempo, entrará nos eixos.
E lá estávamos nós, (uma vez eu, outra o marido, porque neste casamento partilha-se tudo, inclusive a bosta), de saquinho de plástico na mão, rolo de papel higiénico na outra, a limpar, (obrigada lei de Murphy), a coisa mole e fedorenta.


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