sexta-feira, 6 de março de 2015

Vida de cão #16: O que se consegue com paciência e uma banana



O Kiko tem sobretudo dois medos: de cães presos em quintais e do movimento e barulho dos carros na estrada.

Quanto ao primeiro, não é que ele tenha medo de outros cães. Pelo contrário, até hoje sempre demonstrou ter um espírito do mais sociável e afável, que procura brincadeira com todos os cães que encontra, indepentemente do seu porte ou de serem mais ou menos amistosos para com ele.

Mas, quando ele não os vê, apenas ouve aquele ladrar agressivo típico dos cães presos em quintais, passa-se. Não mostra qualquer agressividade, quer é fugir dali o mais depressa possível.

A reacção com os carros era similar: ou dava-lhe para querer fugir a sete pés, ou estacava por completo.

Andamos a trabalhar nisso, um medo de cada vez.
Demos prioridade ao medo dos carros, pois se por um qualquer motivo a trela nos escapa das mãos, (bate na madeira!), e ele por medo tem uma reacção estúpida pode acontecer o pior de todos os cenários.

Comecei por ir diversas vezes com ele para uma paragem de autocarro numa das vias mais concorridas da minha localidade. Com a ajuda de uma banana, (fruta que ele adora e não lhe faz mal nenhum se dada em quantidades equilibradas), procurei que, através de recompensa, ele se sentasse ao meu lado, focando a sua atenção em mim, olhando-me nos olhos e assim, fosse capaz de ignorar o trânsito e todos os seus ruídos.

Deu frutos. Já não estaca em pânico tantas vezes, e é-nos mais fácil direccionar-lhe a atenção para outra coisa.
Mas é um trabalho que tem que ser continuado numa base diária se queremos que dê os frutos pretendidos.

Nunca mais fui para a paragem de autocarro com a banana, mas nos nossos passeios diários fazemos alguns minutos de treino com os comandos que aprendemos nas aulas de obediência. Para tal, escolhi propositadamente um espaço relvado que fica pegado a outra das artérias mais movimentadas.

Absolutamente tudo o que se pretenda atingir com um cão, desde as coisas mais simples às mais complexas,  requer paciência, carinho, disciplina e insistência. Portanto torna-se duplamente recompensador e motivador ver resultados positivos.

No segundo ou terceiro dia em que fizemos o tal "treino com a banana", já conseguimos atravessar uma dessas ruas na passadeira, de forma razoavelmente organizada.

Ainda não estamos perfeitamente afinados, mas foi especialmente bom ver, no outro dia, após uma reacção de pânico à passagem de um camião, que bastou baixar-me, abraçá-lo e dizer-lhe que estava tudo bem, para voltar a abanar a cauda e prosseguir caminho.



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